EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NA BOLÍVIA [PAULO ESTEVES]
03 Maio, 2023
03 Maio, 2023
Começo este artigo com uma breve apresentação. Tenho 54 anos, sou casado e tenho 2 filhos. Possuo a Licenciatura em Engenharia Civil e iniciei a minha atividade profissional em 1995.
Desde essa altura, o meu percurso tem sido quase exclusivamente em obras rodoviárias, ferroviárias, onde estive cerca de 8 anos, e de Infraestruturas.
Os últimos 10 anos da minha carreira, exerci a minha atividade fora de Portugal, na qualidade de expatriado. De facto, são já vários os continentes por onde passei, Europa, Africa e Ásia.
Esta experiência internacional, foi muito importante para aquisição e consolidação dos meus conhecimentos técnicos e também, para o reforço das relações humanas com culturas muito distintas da nossa.
Em Setembro de 2022 ingressei na ACA Engenharia e Construção, Sucursal Bolívia, para abraçar mais uma experiência internacional, agora no continente Americano, mais concretamente na Bolívia.
O Projeto em causa é a reabilitação da Estrada entre Comarapa e Mataral numa extensão de aproximadamente 52 Kms. Esta estrada liga duas cidades importantes da Bolivia, Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba.
A Bolívia, oficialmente designada por Estado Plurinacional da Bolívia, está localizado na região Centro-Oeste da América do Sul. Este País faz fronteira com Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e Perú.
A sua capital oficial é Sucre, que abriga o poder judicial, enquanto que a sede do governo está localizada na cidade de La Paz, onde estão instalados os órgãos executivo, legislativo e eleitoral.
No entanto a sua maior cidade é Santa Cruz de la Sierra, que tem a maior população.
A cultura da Bolívia é muito rica e diversificada graças às diferentes origens do povo boliviano. A sociedade boliviana reúne povos de origem espanhola (descendentes dos colonizadores), grupos indígenas dos Andes e mestiços, que são produto da mistura dos dois primeiros.
Trata-se de um país rico em recursos naturais, como gás natural, petróleo e mais recentemente a descoberta de uma grande quantidade de lítio, mas, no entanto, a sua população enfrenta um elevado índice de pobreza e desigualdade sendo considerado um dos países mais pobres da América do Sul.
Do curto período que estou na Bolívia, posso afirmar para já, que se trata de um país com muitas carências, ao nível das infraestruturas e com uma rede rodoviária que necessita de grandes investimentos. Por isso, poderá ser interessante investir recursos neste país.
Claro que nem tudo é perfeito, sendo um país em que o povo tem uma grande influência nas decisões da governação, isso por vezes se torna prejudicial, influenciando demasiado o desenvolvimento económico. A título de exemplo, já tivemos a experiência de termos sido confrontados com 2 bloqueios, organizados por movimentos sociais, um em Santa Cruz, que cercou completamente a cidade, impedindo a saída de produtos e combustíveis e outro na nossa pedreira, que impediu a saída de inertes para a nossa área industrial.
Estes bloqueios organizados pela população, duraram cerca de um mês cada e prejudicou o desenvolvimento dos trabalhos, havendo mesmo a necessidade de suspender algumas atividades.
Estas ações são bastante frequentes na população, para reivindicação de matérias, que por vezes são insignificantes comparativamente á necessidade de desenvolvimento do país.
No entanto, apesar de ser um povo reivindicativo, são muito humildes na forma de estar e sabem ser um povo que bem recebe. Posso também afirmar, que se trata de um país muito seguro, apesar das precauções normais que devemos tomar.
A nossa relação com os colegas de trabalho nacionais, tem sido de grande cordialidade, respeito pelas hierarquias, sendo que a língua espanhola também ajuda bastante essa proximidade.
Quanto á qualidade dos nacionais em termos profissionais, temos sem dúvida bons técnicos e bons trabalhadores, apesar dos termos “controlo de prazo” e “controlo económico” não fazerem parte da sua forma de estar.
Essa tem sido uma batalha muito dura, com a tentativa de criar metodologias de trabalho aliados a esses dois parâmetros.
Em resumo, esta minha experiência na Bolívia, não sendo um dos melhores países onde trabalhei, tem sido sem dúvida muito cativante e enriquecedor, principalmente ao nível das relações humanas.”