O desafio da falta de mão de obra na construção [Gabriela Azevedo]
27 Janeiro, 2023
27 Janeiro, 2023
O mundo da construção civil mudou nos últimos anos. Tornou-se mais dinâmico, mais inovador, mais profissional e exigente. A construção é neste momento um setor renovado, vivo e em crescimento. Mesmo durante o período mais crítico da pandemia, o setor manteve-se ativo, o que revela uma grande capacidade de resiliência, mas também a sua importância crescente em qualquer economia.
Este setor continua em franca expansão, mas enfrenta hoje um grande desafio: a falta de mão de obra.
O setor é ainda visto como mais “tradicional” e resistente à mudança, o que implica que as empresas de construção civil sofram transversalmente com a falta de recursos humanos, sejam eles mais ou menos qualificados, fazendo com que seja um desafio enorme encontrar profissionais disponíveis no mercado de trabalho.
Se antes as profissões de pedreiro, canalizador ou serralheiro passavam de geração em geração com orgulho, hoje são afetadas por diversos estigmas e estereótipos que as tornam pouco atrativas para os mais jovens.
O trabalho na construção civil continua não raras vezes a ser entendido como pesado e sujo, sujeito a condições atmosféricas muitas vezes adversas e frequentemente visto como mal pago, o que faz com que persista um grande desfasamento no mercado de trabalho entre a procura e a oferta de emprego. Assim, estima-se que faltem cerca de 70.000 trabalhadores no setor, carência que pode começar a criar dificuldades no normal desenvolvimento da atividade.
Olhando para os profissionais mais qualificados, vemos que a situação é semelhante: faltam também engenheiros, medidores, preparadores e orçamentistas.
A elevada emigração verificada na última década, combinada com a falta de formação fazem com que também estes trabalhadores sejam difíceis de encontrar.
Sendo a construção civil uma das indústrias mais importantes da economia nacional, torna-se crucial criar rapidamente soluções para que estes constrangimentos não se agravem demasiado neste setor. É por isso fundamental que exista um reforço da formação profissional para estes setores, o que irá permitir a integração de novos funcionários na indústria.
Sendo esta uma atividade que se caracteriza maioritariamente por uma mão de obra mais envelhecida e que se aproxima rapidamente da idade da reforma, torna-se ainda mais vincada a necessidade de conseguir atrair jovens para esta indústria, garantindo assim a continuidade do setor.
É necessário criar um equilíbrio entre a procura e a oferta de trabalho, mantendo assim a dinâmica da produção no setor e a sua constante evolução.
O setor tipicamente tradicional e resistente à mudança está a evoluir rapidamente, seja através de novos projetos e investimentos cada vez mais ambiciosos nesta área, seja por culpa da crescente inovação e transformação tecnológica que é sentida diariamente. É por isso necessário encontrar saídas rápidas e eficazes, que permitam ao setor robustecer-se e continuar competitivo, contribuindo para a recuperação e crescimento da economia nacional.